Polifenóis no tratamento da sensibilidade ao glúten

Evidências revelam o potencial funcional e terapêutico dos polifenóis no tratamento da sensibilidade ao glúten.

A sensibilidade ao glúten, uma condição cada vez mais reconhecida e debatida, tem desafiado tanto os pacientes quanto os profissionais de saúde em sua compreensão e tratamento. Enquanto a doença celíaca e a alergia ao trigo são bem definidas e diagnosticadas, a sensibilidade ao glúten muitas vezes se apresenta de forma mais sutil e complexa. Nesse cenário, surgem novas perspectivas e abordagens, e uma delas tem ganhado destaque: o papel dos polifenóis no manejo dessa condição.

Neste artigo, você vai ler:

O que são os polifenóis

Os polifenóis são uma classe diversificada de compostos bioativos encontrados em uma variedade de alimentos de origem vegetal. Eles são caracterizados por sua estrutura química, que inclui múltiplos grupos fenólicos.

Esses compostos são responsáveis por muitas das cores vibrantes em frutas, vegetais e outras plantas, e desempenham um papel importante na defesa contra estresses ambientais, como radiação ultravioleta e ataques de patógenos.

A diversidade estrutural dos polifenóis contribui para sua ampla gama de efeitos biológicos. Entre os tipos mais estudados estão os flavonóides, os ácidos fenólicos e os taninos. Cada um desses subgrupos possui diferentes propriedades e pode ser encontrado em diferentes alimentos.

Benefícios dos polifenóis para a saúde

Os polifenóis oferecem uma série de vantagens que podem ajudar a promover um estilo de vida saudável e prevenir uma série de doenças crônicas.

Uma das propriedades mais notáveis dos polifenóis é sua capacidade antioxidante. Eles ajudam a combater os radicais livres, moléculas instáveis que podem causar danos às células e contribuir para o envelhecimento e o desenvolvimento de doenças.

Além disso, os polifenóis têm propriedades anti-inflamatórias, o que pode ajudar a reduzir a inflamação crônica associada a condições como artrite, doenças cardíacas e obesidade.

Estudos também sugerem que os polifenóis podem ter efeitos benéficos na saúde cardiovascular, ajudando a reduzir a pressão arterial, melhorar a função vascular e reduzir o risco de doenças cardíacas. Além disso, esses compostos podem ter um papel na prevenção do diabetes tipo 2, ajudando a melhorar a sensibilidade à insulina e controlar os níveis de açúcar no sangue.

Por fim, os polifenóis também podem ter efeitos positivos na saúde do cérebro e na função cognitiva. Estudos sugerem que esses compostos podem ajudar a proteger contra o declínio cognitivo relacionado à idade e reduzir o risco de desenvolver doenças neurodegenerativas, como Alzheimer e Parkinson.

Alimentos fontes de polifenóis

Uma maneira eficaz de colher os benefícios dos polifenóis é incorporar alimentos ricos nesses compostos em nossa dieta diária. 

Frutas como mirtilos, morangos, cerejas, maçãs e uvas são ricas em polifenóis, especialmente flavonoides como antocianinas e flavonóis. Vegetais como espinafre, brócolis, couve e cebola também são excelentes fontes desses compostos benéficos. Além disso, alimentos como chá verde, café, vinho tinto e chocolate amargo são conhecidos por conter altos níveis de polifenóis.

Algumas ervas e especiarias também são ricas em polifenóis e podem ser facilmente adicionadas às refeições para aumentar seu teor desses compostos. Exemplos incluem manjericão, orégano, açafrão e cravo-da-índia.

O que é a sensibilidade ao glúten

A sensibilidade ao glúten (SGNC) é uma condição complexa que tem despertado crescente atenção nos últimos anos.

Ao contrário da doença celíaca, uma condição autoimune desencadeada pela ingestão de glúten, e da alergia ao trigo, uma reação imunológica ao trigo especificamente, a sensibilidade ao glúten é uma resposta adversa ao consumo de glúten que não se enquadra nas definições claras das outras condições.

Para muitos, os sintomas da sensibilidade ao glúten podem ser sutis e variados, tornando o diagnóstico desafiador. Os sintomas podem incluir desconforto abdominal, inchaço, fadiga, dores de cabeça, dores articulares e musculares, além de problemas de pele como eczema. Estes sintomas podem ocorrer horas ou até dias após a ingestão de alimentos contendo glúten, o que complica ainda mais a identificação da causa.

Embora os mecanismos exatos por trás da sensibilidade ao glúten ainda não sejam totalmente compreendidos, há evidências sugerindo que fatores genéticos, imunológicos e ambientais podem desempenhar um papel.

Por exemplo, certos genes podem predispor os indivíduos à sensibilidade ao glúten, enquanto mudanças na composição da microbiota intestinal podem influenciar a forma como o corpo reage ao glúten.

Como agem os polifenóis no tratamento da sensibilidade ao glúten

Uma vez que é muito difícil manter uma dieta totalmente isenta de glúten, existe um grande interesse em descobrir estratégias alternativas que possam mitigar seus efeitos tóxicos. Portanto, o estudo Non-Celiac Gluten Sensitivity and Protective Role of Dietary Polyphenols buscou entender os benefícios dos polifenóis no tratamento da sensibilidade ao glúten.

Segundo a pesquisa, na SGNC há um aumento da permeabilidade intestinal e desmontagem da JT epitelial, com função de barreira prejudicada que favorece a difusão não seletiva de peptídeos derivados do glúten e ativa reações imunes em resposta ao glúten.

Foi demonstrado que os polifenóis se ligam preferencialmente a proteínas ricas em prolina, como a gliadina. Por sua vez, a formação de complexos gliadina-polifenol pode reduzir a biodisponibilidade da gliadina, sequestrando a proteína e impedindo que ela interaja com o meio intestinal.

Com base nessa capacidade de interagir com gliadinas e mascarar epítopos, acredita-se que extratos ricos em polifenóis de folhas de alcachofra, cranberries, maçãs e folhas de chá verde modulam a imunogenicidade e alergenicidade das proteínas do glúten.

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Os polifenóis também podem amortecer os efeitos tóxicos do glúten, tanto no nível intestinal quanto sistêmico, reduzindo o estresse oxidativo e a inflamação, regulando a resposta imune e melhorando a saúde da microbiota intestinal e a função da barreira intestinal.

Quais estratégias você tem usado para melhorar a saúde intestinal de seus pacientes?

Referência:

Calabriso N, Scoditti E, Massaro M, Maffia M, Chieppa M, Laddomada B, Carluccio MA. Non-Celiac Gluten Sensitivity and Protective Role of Dietary Polyphenols. Nutrients. 2022 Jun 28;14(13):2679. doi: 10.3390/nu14132679. PMID: 35807860; PMCID: PMC9268201.


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