Microbioma e colesterol: qual é a relação?

Você sabia que o microbioma intestinal pode ajudar a reduzir os níveis de colesterol e, com isso, melhorar o risco cardiovascular?

A relação entre colesterol, microbiota e doença cardiovascular (DCV) vem sendo cada vez mais estudada e os resultados são promissores.

Entendendo o contexto

Colesterol alto é um dos principais fatores de risco para doenças cardiovasculares. Em excesso, ele se acumula nas artérias, dificulta o fluxo sanguíneo e favorece a formação de placas inflamatórias.

Ao mesmo tempo, sabemos que um intestino desequilibrado (disbiose) está relacionado a maior risco de DCV. A novidade? Uma microbiota saudável pode atuar justamente na regulação do colesterol.

Como o microbioma reduz o colesterol?

O artigo detalha cinco mecanismos principais:

  1. Produção de ácidos graxos de cadeia curta (AGCC)
    Como acetato, propionato e butirato: que reduzem a síntese de colesterol e melhoram sua eliminação.
  2. Ativação de hidrolases de sais biliares (BSH)
    Enzimas microbianas que transformam colesterol em ácidos biliares e facilitam sua excreção pelas fezes.
  3. Conversão de colesterol em coprostanol
    Substância que não é bem absorvida e, por isso, ajuda a reduzir a quantidade de colesterol disponível.
  4. Ação de ácidos biliares secundários
    Que se ligam a receptores nucleares e ativam vias que reduzem a síntese hepática de colesterol.

Adsorção e absorção direta pelas bactérias
Algumas cepas conseguem incorporar o colesterol à sua estrutura e removê-lo do meio intestinal.

Probióticos convencionais x nova geração

Cepas de Lactobacillus e Bifidobacterium já são conhecidas por ajudar na redução do colesterol. Estudos em humanos mostraram melhora nos níveis de colesterol total, LDL e HDL com o uso dessas bactérias.

Mas o futuro está nos chamados NGPs (next-generation probiotics) microrganismos promissores identificados por pesquisas genômicas.

Entre os mais estudados estão:

  • Akkermansia muciniphila
  • Bacteroides spp.
  • Clostridium spp.
  • Christensenella minuta
  • Eubacterium spp.
  • Faecalibacterium prausnitzii

Esses microrganismos atuam por mecanismos variados: desde regulação de transportadores intestinais até influência na produção de hormônios como GLP-1 e vêm sendo investigados tanto em animais quanto em humanos.

E o nutricionista com isso?

A atuação do nutricionista é estratégica para modular o microbioma com foco na saúde cardiovascular. Isso pode incluir:

  • Identificação de padrões inflamatórios associados à disbiose
  • Suporte à integridade da barreira intestinal
  • Prescrição individualizada de probióticos com efeito hipocolesterolêmico
  • Apoio dietético para aumentar AGCCs e regular vias metabólicas do colesterol

A prescrição de NGPs com função específica na redução do colesterol pode se tornar uma ferramenta valiosa na prática clínica.

Você já considera a microbiota ao pensar no perfil lipídico do seu paciente?