Relação entre genética e metabolismo

Entender a relação entre genética e metabolismo pode ser a chave para personalizar abordagens nutricionais

A relação entre genética e metabolismo é um campo de estudo cada vez mais explorado na área da saúde. Nossa composição genética pode influenciar diretamente como o corpo processa nutrientes, armazena gordura e responde a diferentes dietas. Compreender essa conexão pode ser a chave para personalizar abordagens nutricionais e otimizar o bem-estar.

Neste artigo, vamos discutir como genética e metabolismo estão interligados e como essas informações podem ser usadas para desenvolver estratégias de saúde mais eficazes. Você vai ler:

O que é genética e metabolismo

A genética e o metabolismo estão profundamente conectados, desempenhando papéis fundamentais no funcionamento do corpo humano.

Genética refere-se ao estudo dos genes, que são unidades de herança transmitidas de pais para filhos e que influenciam características físicas, biológicas e comportamentais. Os genes carregam instruções para a produção de proteínas que regulam diversas funções corporais, incluindo o metabolismo.

Metabolismo é o conjunto de reações bioquímicas que ocorrem no corpo para manter a vida. Ele envolve dois processos principais: o anabolismo, que é a construção de moléculas e tecidos, e o catabolismo, que é a quebra de moléculas para gerar energia.

O metabolismo varia entre indivíduos, e muitos fatores, como idade, sexo, níveis de atividade física e composição corporal, afetam a taxa metabólica. A genética desempenha um papel crucial no metabolismo, influenciando a forma como o corpo processa nutrientes e armazena energia.

Como os genes afetam a resposta do corpo às dietas

Os genes afetam a maneira como o corpo responde a diferentes dietas, impactando o metabolismo, a absorção de nutrientes e a tendência a ganhar ou perder peso. Isso explica por que algumas pessoas podem se beneficiar de certos tipos de dietas, enquanto outras não apresentam os mesmos resultados.

Alguns genes estão associados à forma como o corpo lida com carboidratos, gorduras e proteínas. Por exemplo, variantes genéticas podem influenciar a eficiência do metabolismo das gorduras, tornando algumas pessoas mais propensas a armazená-las como reserva de energia em vez de queimá-las.

Outras variantes podem afetar a capacidade de processar carboidratos, aumentando o risco de desenvolver resistência à insulina e condições relacionadas, como diabetes tipo 2.

Além disso, genes também podem influenciar a sensibilidade à fome e saciedade, afetando o apetite e os sinais de quando parar de comer. Isso revela a importância da nutrição personalizada, onde a dieta é adaptada às necessidades genéticas e metabólicas de cada indivíduo para obter resultados mais eficazes na saúde e no controle de peso.

O que é a Síndrome Metabólica

A Síndrome Metabólica é um conjunto de condições que ocorrem juntas, aumentando o risco de doenças cardíacas, derrame e diabetes tipo 2. Esses fatores incluem hipertensão arterial, níveis elevados de glicose no sangue, excesso de gordura abdominal, baixos níveis de colesterol HDL (o “bom” colesterol) e níveis altos de triglicerídeos.

Para ser diagnosticado com Síndrome Metabólica, uma pessoa geralmente precisa apresentar pelo menos três desses cinco fatores de risco. A causa da Síndrome Metabólica é multifatorial, com fatores genéticos, ambientais e de estilo de vida contribuindo para o desenvolvimento da condição.

O excesso de peso, especialmente a gordura visceral (acumulada ao redor dos órgãos), e a resistência à insulina estão entre as principais causas dessa síndrome. Adotar hábitos alimentares saudáveis, praticar atividade física regular e controlar o peso são essenciais para prevenir e tratar a Síndrome Metabólica.

Papel dos genes na formação da Síndrome Metabólica

Os genes podem desempenhar papel subjacente na formação da Síndrome Metabólica (SM). Foi sobre isso que tratou o estudo Metabolic syndrome and underlying genetic determinants‐A systematic review.

Fatores como obesidade, hiperglicemia, hipertensão arterial sistêmica (HAS) e hiperlipidemia, especificamente TGs e HDL, são identificados para Síndrome Metabólica. Portanto, essas condições podem estar ligadas umas às outras por compartilharem processos fisiopatológicos semelhantes. Além disso, todas têm origem genética.

Cerca de 20 estudos de associação genética para Síndrome Metabólica foram relatados desde 2002, incluindo 13 associações positivas. Evidencias apontaram 8 variações de polimorfismo de nucleotídeo único (SNPs) predominantemente presentes em genes envolvidos no metabolismo lipídico e que estão associados à Síndrome Metabólica.

Vários genes candidatos foram identificados. Os alelos menores de rs9939609 (FTO), rs7903146 (TCF7L2), C56G (APOA5), T1131C (APOA5), C482T (APOC3), C455T (APOC3) e 174G > C (IL6) foram considerados mais comuns.  

Variações do ADIPOQ, que codifica adiponectina, foram relacionadas à obesidade abdominal. A PA também foi associada a alterações no gene AGT que codifica angiotensinogênio.

Além disso, PPARG, um fator de transcrição ativado por ligante ativo em múltiplos processos biológicos que vão do metabolismo de glicose e lipídios ao transporte de ácidos graxos e diferenciação de adipócitos, é outro candidato para Síndrome Metabólica.  

Essas descobertas sugerem que variações genéticas associadas aos componentes individuais do fenótipo da síndrome metabólica também podem estar relacionadas a toda a síndrome.

A Síndrome Metabólica também é fortemente afetada por fatores como sexo, etnia e interação entre excesso alimentar e inatividade física sendo determinada pela interação entre fatores ambientais e genéticos.

LEIA TAMBÉM: O que é a Síndrome Cardiovascular-Renal-Metabólica 

A compreensão da interação genética com as multifacetas da Síndrome Metabólica é um desafio para formar a base de testes analíticos clínicos de vulnerabilidade, desenvolvimento de problemas e resposta a intervenções para a Síndrome Metabólica. Como você vê a Nutrição Funcional contribuindo nesse sentido?

Referência:

Rana S, Ali S, Wani HA, Mushtaq QD, Sharma S, Rehman MU. Metabolic syndrome and underlying genetic determinants-A systematic review. J Diabetes Metab Disord. 2022 Mar 3;21(1):1095-1104. doi: 10.1007/s40200-022-01009-z. PMID: 35673448; PMCID: PMC9167205.

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