Impacto do estradiol na hipertensão 

Os hormônios exercem uma série de efeitos fisiológicos em diversos sistemas do corpo humano e a influência do estradiol na hipertensão tem sido objeto de estudo.

A hipertensão arterial, ou pressão alta, é uma condição médica prevalente e multifatorial, associada a um aumento do risco de doenças cardiovasculares, acidentes vasculares cerebrais e disfunção de órgãos-alvo.

O estradiol, um dos principais estrogénios circulantes no organismo feminino, tem despertado crescente interesse devido ao seu papel na pressão arterial. 

Neste artigo, você vai ler:

O que é o estradiol

O estradiol é um hormônio esteroide fundamental para o funcionamento saudável do corpo feminino. Pertencente à classe dos estrogênios, o estradiol desempenha uma série de papéis vitais no desenvolvimento e manutenção do sistema reprodutivo feminino, bem como em outras funções corporais importantes.

Níveis inadequados de estradiol podem levar a uma série de problemas de saúde. Baixos níveis de estradiol podem resultar em irregularidades menstruais, dificuldades de fertilidade, sintomas de menopausa precoce e aumento do risco de osteoporose.

Por outro lado, níveis excessivamente altos de estradiol estão associados a distúrbios hormonais, como a síndrome dos ovários policísticos (SOP) e certos tipos de câncer, como o câncer de mama.

Produção e função do estradiol

Produzido principalmente nos ovários, o estradiol é responsável por regular o ciclo menstrual, influenciar o desenvolvimento dos órgãos reprodutivos, como útero e mamas, e manter a saúde óssea.

Durante a puberdade, o aumento dos níveis de estradiol desencadeia o desenvolvimento das características sexuais secundárias femininas, como o crescimento das mamas e o alargamento dos quadris.

Além do seu papel no ciclo menstrual e na reprodução, o estradiol também afeta o humor, a saúde da pele, a regulação do colesterol e a função cardiovascular. Ele desempenha um papel na regulação do metabolismo ósseo, ajudando a prevenir a perda óssea e a osteoporose.

O que é hipertensão arterial

A hipertensão arterial, também conhecida como pressão alta, é uma condição médica crônica caracterizada por níveis elevados e persistentemente aumentados da pressão sanguínea nas artérias.

É um dos principais fatores de risco para uma série de doenças cardiovasculares graves, incluindo acidente vascular cerebral (AVC), ataque cardíaco, insuficiência cardíaca e doença renal.

O que é hipertensão arterial pulmonar

A hipertensão arterial pulmonar (HAP) é uma condição médica rara e progressiva caracterizada pelo aumento da pressão nas artérias que transportam sangue dos pulmões para o coração.

Essa pressão elevada pode resultar em danos nos vasos sanguíneos dos pulmões, dificultando o fluxo sanguíneo e o transporte adequado de oxigênio para o corpo.

O prognóstico da HAP pode variar amplamente dependendo da gravidade da doença, da resposta ao tratamento e de outros fatores individuais. A HAP pode levar a complicações graves, como insuficiência cardíaca direita, arritmias cardíacas, coágulos sanguíneos nos pulmões (embolia pulmonar) e morte prematura.

Mecanismo e classificação da hipertensão pulmonar

Normalmente, as artérias pulmonares transportam o sangue do lado direito do coração para os pulmões, onde ocorre a oxigenação.

Na hipertensão arterial pulmonar (HAP), as paredes das artérias pulmonares se tornam espessadas e estreitas, o que aumenta a resistência ao fluxo sanguíneo e eleva a pressão dentro dos vasos. Isso pode levar a uma série de complicações graves, incluindo insuficiência cardíaca e comprometimento da função pulmonar.

A HAP é classificada em diferentes grupos com base em suas causas subjacentes. Os principais grupos incluem:

  • HAP idiopática (de causa desconhecida);
  • HAP associada a doenças do tecido conjuntivo;
  • HAP associada a defeitos cardíacos congênitos;
  • HAP induzida por drogas ou toxinas.

Diagnóstico e tratamento de hipertensão pulmonar

Os sintomas da hipertensão arterial pulmonar (HAP) podem ser inespecíficos e variam de pessoa para pessoa. No entanto, eles podem incluir falta de ar, fadiga, dor no peito, tontura, desmaios, inchaço nos tornozelos e pernas, e batimentos cardíacos rápidos ou irregulares.

Devido à semelhança desses sintomas com outras condições, o diagnóstico preciso da HAP muitas vezes requer uma avaliação abrangente, incluindo histórico médico detalhado, exames físicos, testes de função pulmonar, ecocardiograma, cateterismo cardíaco direito e outros exames específicos.

Por sua vez, o tratamento da HAP visa aliviar os sintomas, retardar a progressão da doença e melhorar a qualidade de vida do paciente. As opções de tratamento podem incluir:

  • Medicamentos: drogas vasodilatadoras, como os inibidores da fosfodiesterase-5, prostaciclina e antagonistas do receptor de endotelina, podem ajudar a reduzir a pressão arterial pulmonar e melhorar os sintomas;
  • Oxigenoterapia: a terapia com oxigênio suplementar pode ajudar a melhorar a oxigenação do sangue e aliviar a dispneia (falta de ar);
  • Exercícios e reabilitação pulmonar: programas de exercícios supervisionados e reabilitação pulmonar podem ajudar a melhorar a capacidade de exercício e a qualidade de vida;
  • Cirurgia: em alguns casos selecionados, como HAP associada a defeitos cardíacos congênitos, a cirurgia pode ser recomendada para corrigir o problema subjacente;
  • Transplante pulmonar: Em casos graves e refratários, o transplante de pulmão pode ser considerado como uma opção de tratamento.

Como o gênero influencia o efeito do estradiol na hipertensão pulmonar

Segundo o estudo Estradiol Metabolism: Crossroads in Pulmonary Arterial Hypertension, o metabolismo desregulado do estradiol pode levar à hipertensão arterial pulmonar (HAP).

Essa doença progressiva é predominante nas mulheres, cujo aumento da pressão arterial pulmonar leva à insuficiência do ventrículo direito (VD). Por sua vez, em pacientes idosos com HAP não há distinção de gênero, o que sugere que os hormônios sexuais femininos são um fator de risco para o seu desenvolvimento.

Impactos do estradiol na hipertensão pulmonar

Ainda de acordo com a pesquisa, semelhante aos seus efeitos na circulação sistêmica, 17β-estradiol (E2) pode ser visto como protetor da função do ventrículo direito (VD) na hipertensão arterial pulmonar (HAP). Já no endotélio lesionado que foi exposto a múltiplos impactos desconhecidos, pode estimular a angioproliferação, promover a inflamação e aumentar o desenvolvimento de lesões oclusivas.

Esses efeitos divergentes na vasculatura pulmonar e no VD, chamado paradoxo do estrogênio na HAP, são de relevância clínica significativa para a compreensão do desenvolvimento, progressão e prognóstico da doença.

A via da aromatase é um importante sistema bioquímico para a produção de E2. A atividade elevada da aromatase e os níveis plasmáticos de E2 estão associados ao risco aumentado de HAP.

E2 aumenta a atividade da aromatase, aumentando a aromatização dos andrógenos, podendo aumentar a sua própria produção. Enquanto o 2ME, um importante metabólito não estrogênico do E2, inibe a atividade da aromatase, podendo assim reduzir a síntese extra-gonadal de estrogênios.

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O aumento de E2 e a diminuição da produção de 2ME podem afetar adversamente o remodelamento vascular pulmonar e a progressão da doença. Além disso, inflamação, hipóxia, estresse oxidativo, obesidade, resistência à insulina/leptina, dieta, medicamentos e polimorfismos genéticos de enzimas metabolizadoras podem desregular o metabolismo do E2, implicando na heterogeneidade da HAP.

Você sabia disso?

Referência:

Tofovic SP, Jackson EK. Estradiol Metabolism: Crossroads in Pulmonary Arterial Hypertension. Int J Mol Sci. 2019 Dec 23;21(1):116. doi: 10.3390/ijms21010116. PMID: 31877978; PMCID: PMC6982327.


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