O vínculo entre a saúde digestiva e a mental sugere uma relação profunda entre intestino e depressão
A ciência tem revelado uma conexão surpreendente e significativa entre a saúde do intestino e a saúde mental. Conhecido como o eixo intestino-cérebro, este vínculo complexo sugere que o estado do sistema digestivo pode influenciar diretamente o humor, o comportamento e até o desenvolvimento de distúrbios mentais como a depressão. Neste texto, você vai ler:
- O que é a depressão;
- Causas da depressão;
- Como o intestino afeta a saúde mental;
- Relação entre intestino e depressão: o que diz a ciência.
O que é a depressão
A depressão é um transtorno mental comum, mas sério, que afeta negativamente como uma pessoa se sente, pensa e lida com as atividades diárias. Caracterizada por uma sensação persistente de tristeza e perda de interesse em atividades antes prazerosas, a depressão pode levar a uma variedade de problemas emocionais e físicos.
Os sintomas da depressão podem variar de leves a graves e incluem sentimentos de tristeza, vazio ou desesperança, perda de interesse em hobbies, alterações no apetite e no sono, fadiga, dificuldade de concentração, sentimentos de inutilidade ou culpa, e pensamentos de morte ou suicídio.
Para se ter o diagnóstico de depressão, esses sintomas devem estar presentes por pelo menos duas semanas. É uma condição que pode afetar qualquer pessoa, independentemente da idade, gênero ou histórico, e pode ter um impacto significativo na qualidade de vida se não for tratada adequadamente.
Causas da depressão
A depressão não tem uma causa única, sendo o resultado de uma combinação complexa de fatores biológicos, genéticos, ambientais e psicológicos. Alguns dos principais fatores que geram a depressão incluem:
- Genética: pode ser mais comum em pessoas cujos familiares também sofrem da condição;
- Bioquímica: alterações em neurotransmissores cerebrais, como serotonina e dopamina, que regulam o humor e as emoções, podem desempenhar um papel crucial no desenvolvimento da depressão;
- Hormônios: desequilíbrios hormonais, como os que ocorrem durante a gravidez, pós-parto, menopausa, ou devido a problemas da tireoide, podem contribuir para a depressão;
- Traumas e estresse: experiências traumáticas ou estressantes podem desencadear a depressão, especialmente em pessoas com predisposição genética.
- Padrões de pensamento: pessimismo, baixa autoestima e uma tendência a interpretar eventos cotidianos de forma negativa podem aumentar o risco de desenvolver depressão;
- Doenças físicas: condições médicas crônicas, como doenças cardíacas, câncer ou diabetes, estão frequentemente associadas à depressão.
Entender essas causas pode ajudar no diagnóstico e tratamento da depressão, permitindo que as pessoas afetadas recebam o apoio e os cuidados necessários para melhorar sua saúde mental e qualidade de vida.
Como o intestino afeta a saúde mental
A conexão entre o intestino e a saúde mental tem sido um campo de estudo crescente na medicina e na psicologia.
O intestino, frequentemente referido como segundo cérebro, desempenha um papel fundamental na regulação do humor e na saúde mental através do eixo intestino-cérebro. Este eixo é a comunicação bidirecional entre o sistema nervoso entérico (localizado no trato gastrointestinal) e o sistema nervoso central (o cérebro).
No intestino reside a microbiota, que ajuda na digestão dos alimentos, na produção de vitaminas e na proteção contra patógenos nocivos. Além disso, o intestino e seus microrganismos produzem neurotransmissores, como a serotonina, que é responsável por regular o humor, o sono e o apetite.
Cerca de 90% da serotonina do corpo é produzida no intestino. Além disso, os microrganismos intestinais produzem metabólitos que podem afetar o cérebro. Por exemplo, os ácidos graxos de cadeia curta, produzidos pela fermentação de fibras alimentares, têm efeitos anti-inflamatórios que podem impactar a saúde mental.
Desequilíbrios na microbiota, conhecidos como disbiose, podem levar a um aumento da inflamação sistêmica. A inflamação crônica tem sido associada a diversos transtornos mentais, incluindo depressão e ansiedade.
Ainda, o nervo vago, que conecta o cérebro ao intestino, é um dos principais canais de comunicação do eixo intestino-cérebro. Este nervo envia informações sobre o estado do intestino ao cérebro, influenciando o humor e o comportamento.
Relação entre intestino e depressão: o que diz a ciência
Estudos apontam que a dieta e a inflamação são importantes preditores de depressão. Níveis aumentados de marcadores inflamatórios, PCR, IL-6 e TNF-a têm sido associados à depressão. Além disso, os alimentos e os nutrientes com propriedades pró e anti-inflamatórias podem afetar a doença.
O estudo Dietary inflammatory index (DII®) and the risk of depression symptoms in adults teve como objetivo avaliar a associação entre Índice Inflamatório Dietético (DII) e depressão usando a coorte North West Adelaide Health Study (NWAHS), bem como atualizar uma meta-análise anterior.
Os resultados forneceram evidências de que uma dieta pró-inflamatória está positivamente associada ao aumento do risco de depressão, apoiando a noção de que a dieta desempenha um papel essencial na modificação da inflamação. Segundo a pesquisa, uma dieta pró-inflamatória pode aumentar a ativação crônica e persistente do sistema imunológico, o que leva à inflamação de baixo grau.
A ativação de células imunológicas, especialmente leucócitos polimorfonucleares, leva à superprodução de espécies reativas de oxigênio (ROS), resultando em estresse oxidativo. Acredita-se que as células neuronais cerebrais sejam vulneráveis a esse estresse oxidativo.
Outro mecanismo potencial através do qual a dieta pode influenciar na doença inclui o eixo cérebro-intestino-microbiota. As interações entre essa rede de comunicação bilateral demonstraram estar envolvidas na patogênese de transtornos psiquiátricos e a depressão está associada a uma alteração na composição, riqueza e diversidade da microbiota intestinal.
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Embora o papel definitivo da inflamação na depressão não tenha sido totalmente elucidado, os resultados deste estudo apoiam a recomendação atual de consumir uma dieta menos inflamatória como estratégia no combate à depressão. Quais suas estratégias nutricionais nos casos de depressão? Compartilhe conosco sua experiência.
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